Um livro curto, com o mesmo estilo de narrativa, nostálgico para os fans das crônicas de gelo e fogo e definitivamente prazeroso de se ler.
Em "O Cavaleiro dos Sete Reinos" (Tales of Dunk and Egg) mais uma vez nosso amigo George R.R. Martin nos leva para o continente de Westeros, desda vez 90 anos antes dos acontecimentos narrados nas Crônicas de Gelo e Fogo. O livro é dividido em três contos de aproximadamente 140 páginas cada um e que foram originalmente publicados em diferentes antologias...
Quanto ao estilo da narrativa, ela difere das crônicas de gelo e fogo apenas pelo formato. Enquanto nas crônicas temos capítulos curtos e a alternância de narradores, neste temos três grandes contos sempre narrados pelo mesmo personagem. O que não tira a velocidade nem a emoção da estória. Martin consegue prometer algo no começo, desenvolver o enredo e os personagens no meio de cada conto e fechar com finais sempre surpreendentes e inesperados, que por sinal são sua marca registada.
Os contos narram as aventuras de dois personagens teoricamente secundários da história de Westeros, Sor Duncan "o Alto" e seu escudeiro Egg. Através desses dois amigos Martin consegue retratar muito bem esse período histórico do reino, onde já não havia mais dragões, mas a casa Targaryen ainda governava. Afinal, qual a melhor forma de se narrar acontecimentos históricos se não pelos olhos de um cavaleiro andante e seu escudeiro? Através das andanças de Dunk e Egg pelas estalagens, torneios de justas e disputas de terras, Martin consegue nos mostrar como se relacionavam, plebeus, senhores, cavaleiros e a corte do rei.
O livro se passa 15 anos após a rebelião BlackFire onde filhos bastardos de Aegon Targaryen se levantam contra os filhos legítimos pelo direito ao trono. Apesar de ter terminado em uma batalha sangrenta que culminou com a vitória dos Targaryen, a rebelião dividiu o reino em dois lados. E é essa a divisão que serve de pano de fundo para todos os três contos, um reino em paz porém algo de errado ainda acontece nos bastidores do poder.
O bacana nesse livro é ter uma visão de como eram os Targaryen enquanto estavam no poder, qual a relação deles com seus súditos e seus inimigos. Até agora, acompanhando as crônicas de gelo e fogo só vimos poucos deles vivendo no exílio. Será que se um dia Dany se sentar no trono de ferro ela se parecerá com qual de seus antepassados? Será benevolente como Daeron II, passiva como Aerys I, justa e respeitada por todos como o príncipe Baelor "quebra-lanças"? Veremos...
A relação entre Dunk e Egg também é um ponto alto do livro, os dois personagens se completam perfeitamente na narrativa e a relação dos dois chega a ser fraternal. Martin escreveu até agora três contos e diz que no total serão 7 ( ou mais... ) provavelmente para que a dupla possa passar por todos os 7 reinos de Westeros antes do fim. Quem sabe?
O fato é que a estória ficou tão bem contada que a HBO já está conversando com o autor sobre uma possível adaptação para a TV, paralela a série Game of Thrones. Seria ótimo ver Dunk e Egg na televisão, tomara que dê certo.
Abaixo estão algumas referências que podem ser encontradas nos livros das crônicas de gelo e fogo aos acontecimentos e personagens de "O Cavaleiro dos Sete Reinos".
Mas cuidado existem alguns SPOILERS se você ainda não leu o livro. Se já leu, divirta-se:
- Sor Duncan, o Alto, está listado entre os comandantes notáveis da Guarda Real quando Jaime Lannister está refletindo em A Tormenta de Espadas, capítulo 69. No mesmo capítulo, é mencionado entre os feitos de Barristan Selmy que ele derrotou Ser Duncan, o Alto, no torneio de inverno de Porto Real.
- A partir do árvore genealógica dos Targaryen, no apêndice de A Game of Thrones, era possível concluir que Egg se tornaria o Rei Aegon V e governaria de 233-259 AL. Isto foi confirmado em A Fúria dos Reis, onde é revelado que o irmão de Egg, Meistre Aemon, recusou o trono e sugeriu que seu caçula Egg governasse ao invés dele. Como rei, Egg queria Aemon para ajudá-lo a governar, mas Aemon escolheu continuar seu trabalho como meistre e foi para a Muralha.
- Em A Tormenta de Espadas, o príncipe Oberyn Martell observa que no tempo dos Targaryen, o homem que atingisse alguém de sangue real perderia a mesma mão que usou para atingi-lo, uma situação que surge em O Cavaleiro Andante.
- No Festim dos Corvos, Brienne tem seu escudo pintado com armas que correspondem às de Dunk. E lembra de ter visto o escudo na sala de armas do pai, por algum motivo desconhecido. No mesmo livro, Brienne chega em uma pousada de propriedade de uma mulher cujo sobrenome é Heddle (possível descendente de Negro Tom Heddle, que aparece em O Cavaleiro Misterioso).
- Também em O Festim dos Corvos, Meistre Aemon menciona o nome de Egg várias vezes em seu delírio. É revelado que uma das filhas de Egg se casou com um filho da casa Baratheon e tornou-se a mãe de Lorde Steffon Baratheon, e, assim, avó de Robert, Stannis e Renly Baratheon. Foi por causa desse parentesco que Robert proclamou seu direito ao Trono de Ferro.
- Em A Dança dos Dragões, as memórias de Sor Barristan Selmy revelam que os filhos de Egg escolheram suas próprias mulheres por amor em vez de aceitar casamentos arranjados para proveito político. Egg permitiu que seus filhos seguissem os desejos de seus corações, porque ele mesmo também se casou por amor. De acordo com Sor Barristan Selmy, isso levou ao ressentimento e traição entre os senhores, que resultou na “tragédia de Solarestival”.
- Há também a visão de Bran no livro 5 de um cavaleiro muito alto beijando uma jovem mulher em Winterfell. É possível que a mulher seja a Velha Ama quando mais nova e o cavaleiro ser Duncan, o que explicaria ao altura de Hodor.
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